Se eu soubesse da neblina, teria alterado o horário do voo. No entanto, resignada com o fato, procurei fazer bom proveito das minhas horas de espera no aeroporto.
Agradeci a mim mesma por ter levado um bom livro me acomodei próximo ao portão 17 e aguardei , diga-se por um longo tempo a chamada para o embarque. De vez em quando eu levantava a vista e aproveitava para analisar alguns aspectos ao meu redor: ao meu lado direito uma senhora, simples, de sandalinha rasteira e saia rodada, cabelo longo preso e aquele ar de quem está muito ansiosa mas não quer deixar transparecer. Aproveitou que dei uma pausa na leitura e perguntou que horas eram, apesar de eu não ter relógio de pulso. Entendi perfeitamente que o importante não era a hora - apesar de tê-lo dito e mostrado como ver no monitor que mostrava informações sobre portão de embarque/empresa/voo - ela queria apenas um argumento para a ter a minha atenção: - será que o voo vai sair no horário? é a primeira vez que eu viajo de avião... nem sei como faço.
Lembrei que há algum tempo, num momento de crise, também passei por esta ansiedade de primeiro voo mesmo não sendo a minha primeira vez num avião pois após muitos anos sem um embarque aéreo eu sentia como se nem soubesse mais como eram os procedimentos padrões. Pensando nisso procurei deixar esta senhorinha pernambucana mais a vontade, afinal, não devia ser nada fácil pra ela encarar um avião pela frente.
Mostrei para ela onde poderia obter informações sobre o voo a qualquer momento e que era absolutamente normal perguntar ao funcionário da empresa sobre horarios, confirmar se aquele seria o portão, etc... O simples fato de ter dito isso parece que tirou um peso equivalente ao do seu transporte aéreo. Foi um sorriso sincero e muito, muito leve.
E à minha esquerda, goianos. Não entendi se era um casal e dois filhos, se tinha mais algum parente, ou simplesmente se era um grupo de mesmo origem. Percebi que voltavam dos EUA e lembro de uma mãe com sotaque forte e uma calma quase mineira falando “meniiiino, não faz isso...” e lembro bem dos 2 meninos de 4 e 6 anos magrinhos, de cabeção, quase como naquele filme os 2 filhos de Francisco, com muita energia e pouco espaço numa área de embarque lotada por causa de uma neblina...
O livro era bom, mas aquele movimento todo não estava ajudando. Como anunciou que que eu ainda teria pelo menos 2 horas de espera pela frente, resolvi procurar um lugar aparentemente mais calmo, e com certeza longe de qualquer portão de embarque.
Voos liberados, neblina dissipando, e então um silêncio estranho.
Cadê toda aquela gente que tumultuava corredores? E então lembrei: copa, Brasil x Portugal... Procurei e sem êxito não vi uma Tv por perto. Que absuuuuurrddooo. Como um aeroporto não separa uma tevezinha para que possamos ver o jogo? Aí escutei um ÚÚÚÚÚÚ... detectado a tv dali a dois portões e quase 50 metros de distância. Desisti, voltei para meu livro. Embarcamos e enquanto o avião não saía do lugar era um tal de homens em pé, formando grupinhos ao redor de celulares acompanhando o jogo... foi uma cena bem interessante até a comissária de bordo anunciar que a partir daquele momento todos deveriam desligar aparelhos eletrônicos e afivelar os cintos... e estes frustrados torcedores só souberam ao desembarcar que não perderam muita coisa pois o jogo corria num empate insosso.
Aterrisando em Brasília não tive um desfecho de voo como o da viagem para o carnaval do Rio em que o comissário de bordo desta mesma empresa, num momento de pura descontração anunciou “Atencione, procedimentos de portone”, no entanto, posso dizer que foi bem melhor, justificada pela presença do comissário Deus grego de sorriso carismático cujo nome fiz questão de gravar (pela primeira vez em anos de voos) David Pegado.
E a manhã termina. Transcorridos 6 horas por um voo que leva apenas 70 minutos não posso dizer que foi de um todo, mal. Claro que não gostaria de passar por tudo novamente, nem desejo a ninguém tal epopéia, a questão é que todos os percalços podem ser amenizados se procurarmos extrair o que tiver de melhor. É pegar os limões e fazer uma limonada.
Agradeci a mim mesma por ter levado um bom livro me acomodei próximo ao portão 17 e aguardei , diga-se por um longo tempo a chamada para o embarque. De vez em quando eu levantava a vista e aproveitava para analisar alguns aspectos ao meu redor: ao meu lado direito uma senhora, simples, de sandalinha rasteira e saia rodada, cabelo longo preso e aquele ar de quem está muito ansiosa mas não quer deixar transparecer. Aproveitou que dei uma pausa na leitura e perguntou que horas eram, apesar de eu não ter relógio de pulso. Entendi perfeitamente que o importante não era a hora - apesar de tê-lo dito e mostrado como ver no monitor que mostrava informações sobre portão de embarque/empresa/voo - ela queria apenas um argumento para a ter a minha atenção: - será que o voo vai sair no horário? é a primeira vez que eu viajo de avião... nem sei como faço.
Lembrei que há algum tempo, num momento de crise, também passei por esta ansiedade de primeiro voo mesmo não sendo a minha primeira vez num avião pois após muitos anos sem um embarque aéreo eu sentia como se nem soubesse mais como eram os procedimentos padrões. Pensando nisso procurei deixar esta senhorinha pernambucana mais a vontade, afinal, não devia ser nada fácil pra ela encarar um avião pela frente.
Mostrei para ela onde poderia obter informações sobre o voo a qualquer momento e que era absolutamente normal perguntar ao funcionário da empresa sobre horarios, confirmar se aquele seria o portão, etc... O simples fato de ter dito isso parece que tirou um peso equivalente ao do seu transporte aéreo. Foi um sorriso sincero e muito, muito leve.
E à minha esquerda, goianos. Não entendi se era um casal e dois filhos, se tinha mais algum parente, ou simplesmente se era um grupo de mesmo origem. Percebi que voltavam dos EUA e lembro de uma mãe com sotaque forte e uma calma quase mineira falando “meniiiino, não faz isso...” e lembro bem dos 2 meninos de 4 e 6 anos magrinhos, de cabeção, quase como naquele filme os 2 filhos de Francisco, com muita energia e pouco espaço numa área de embarque lotada por causa de uma neblina...
O livro era bom, mas aquele movimento todo não estava ajudando. Como anunciou que que eu ainda teria pelo menos 2 horas de espera pela frente, resolvi procurar um lugar aparentemente mais calmo, e com certeza longe de qualquer portão de embarque.
Voos liberados, neblina dissipando, e então um silêncio estranho.
Cadê toda aquela gente que tumultuava corredores? E então lembrei: copa, Brasil x Portugal... Procurei e sem êxito não vi uma Tv por perto. Que absuuuuurrddooo. Como um aeroporto não separa uma tevezinha para que possamos ver o jogo? Aí escutei um ÚÚÚÚÚÚ... detectado a tv dali a dois portões e quase 50 metros de distância. Desisti, voltei para meu livro. Embarcamos e enquanto o avião não saía do lugar era um tal de homens em pé, formando grupinhos ao redor de celulares acompanhando o jogo... foi uma cena bem interessante até a comissária de bordo anunciar que a partir daquele momento todos deveriam desligar aparelhos eletrônicos e afivelar os cintos... e estes frustrados torcedores só souberam ao desembarcar que não perderam muita coisa pois o jogo corria num empate insosso.
Aterrisando em Brasília não tive um desfecho de voo como o da viagem para o carnaval do Rio em que o comissário de bordo desta mesma empresa, num momento de pura descontração anunciou “Atencione, procedimentos de portone”, no entanto, posso dizer que foi bem melhor, justificada pela presença do comissário Deus grego de sorriso carismático cujo nome fiz questão de gravar (pela primeira vez em anos de voos) David Pegado.
E a manhã termina. Transcorridos 6 horas por um voo que leva apenas 70 minutos não posso dizer que foi de um todo, mal. Claro que não gostaria de passar por tudo novamente, nem desejo a ninguém tal epopéia, a questão é que todos os percalços podem ser amenizados se procurarmos extrair o que tiver de melhor. É pegar os limões e fazer uma limonada.
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