Meus amigos,
Eu gostaria de estar com vocês, ajudar a confortar uma família que amo, e que é um pouco minha também.
Nenhuma perda é aceitável, mesmo que saibamos nosso destino, mesmo que a religião ensine, a fé conforte, mesmo que a realidade esteja apontando o inevitável...
Não aceitamos, não queremos, negamos o quanto podemos.
Porque somos humanos, queremos do nosso jeito, no nosso tempo, queremos mais um pouquinho, quereremos para sempre.
Mas, não depende de nossas vontades ... E dói. Quando nos tiram à revelia, abruptamente, quando nos negam o 'eterno pouquinho'..
Não importa a idade, os ensinamentos, a fé, a vivência, a sabedoria :
Nunca estamos preparados para nos despedir.
Mesmo que seja da teimosia, da rabugice, de um pigarro, de uma reclamação de remédio. Porque criou-se uma rotina que aproxima, que vincula, e o rompimento deste elo desnorteia.
Sofremos, choramos e lamentamos a ausência.
Afortunados os que não sofrem com a angústia de perceber o "nunca mais".
Sabiamente alguém constatou que o tempo tudo cura.
Que venha o tempo,
Que transforme o sofrimento em doces lembranças,
Que traga a paz de espírito,
Que renove as forças,
Que conforte pois, um dia, todos nos reecontraremos.
Beijos e abraços pra toda família e, em especial, pra a eterna companheira de "Zé", D. Marina.
Para seu Zé, um até breve.
"É talvez o último dia de minha vida. Saudei o sol levantando a mão direita, mas não o saudei dizendo-lhe adeus. Fiz sinal de gostar de o ver".
(Poemas inconjuntos - Alberto Caeiro)
Fernando Pessoa